Um típico dia de verão, fim de tarde (muito quente) e um encontro ímpar. É tão bom quando conhecemos alguém que admiramos, desmistifica e quando o saldo é positivo, nos encanta ainda mais. Foi assim, quando conheci o renomado chef Renato Freire. Fui recebida de braços abertos, em um dos salões da encantadora Confeitaria Colombo, destino certo para turistas e moradores no Rio de Janeiro.
Chef Renato Freire |
Quando falamos a palavra Chef assusta, dado o requinte que é atribuído a profissão. Porém, fui surpreendida por um "homem chefe" que não abre mão da simplicidade, da sede em aprender e como ele mesmo diz: "Cozinheiro é ser, chef é estar. Chef é um cargo, cozinheiro é a essência".
Mineiro de Boa Esperança, formado em Engenharia Química pela Universidade Federal de Minas Gerais, e economia pela Universidade Candido Mendes (RJ - Ipanema), membro da Associação Brasileira da Alta Gastronomia (ABAGA), autodidata no ramo da gastronomia. Aliás, ele cozinha desde menino, a cozinha é um ambiente íntimo e constante em sua vida.
Há alguns anos atrás foi para Europa, mais precisamente para a Holanda. Pretendia passar uma temporada e permaneceu durante sete anos. A partir daí recebeu o título de chef e retornou ao Brasil, primeiro para um restaurante na cidade de São Paulo, chamado Apolinari, a convite de Danio Braga. E depois, aceitou um novo desafio proposto pelo mesmo Danio Braga, para comandar a cozinha de nada, nada menos: a Confeitaria Colombo. Renato fornece alma ao local, uma senhora de mais de 100 anos, que permanece atual, elegante e genuinamente linda.
Quando pergunto sobre o cardápio da casa, ele diz: "Permaneço com a tradição, afinal existem receitas de anos e que já se incorporaram ao costume dos clientes. Porém, não abro mão de experimentar e inovar."
Cabe dizer, que a Colombo tinha em seu rol de assíduos frequentadores nomes como: Olavio Bilac, Rui Barbosa, Chiquinha Gonzaga, Villa Lobos, Getúlio Vargas, entre outros. "Como um pedaço do passado que visita o presente, a Confeitaria Colombo é até hoje considerada uma das mais importantes obras da arquitetura e decoração belle époque carioca. Da claribóia ao piso, tudo é arte e beleza."
A frente da Confeitaria Colombo há 11 anos, Renato Freire coleciona curiosas histórias e compartilha uma inusitada: "Certa vez um cliente pediu um filé de peito de Pato. Servido, o cliente não se conformava com o aspecto da carne de pato (possui a cor vermelha, tem textura delicada e um sabor forte característico) e afirmava que estava degustando carne picanha, não filé de pato. Depois de inúmeras explicações ao cliente, todas sem sucesso Renato não hesitou: levou ao cliente a carne de pato crua em um prato. Só assim para se obter um desfecho amigável e o cliente sair satisfeito, pois foi convencido que estava equivocado."
Já no final da nossa conversa, peço uma dica a um jovem aspirante a chef de cozinha, ele diz: "Não se deve ter preconceito a nenhum tipo de alimento. E primordialmente, cozinhar por muito tempo, se aperfeiçoar a cada dia, nunca achar que sabe o suficiente e comer de tudo."
Nossa conversa encerra e sou levada até a porta pelo Chef Renato Freire, uma delícia de conversa, em um lugar incrível. E fica em mente uma certeza:Colombo quem te conhece não esquece jamais.
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